domingo, 10 de julho de 2011

O DIA EM QUE O SOL SUMIU

Um,dia, Amaretsu, a deusa do Sol, cansada dos maus tratos do seu irmão Susanowo, o deus da tempestade, resolveu se refugiar numa caverna celestial.
Susanowo fazia toda espécie de maldade e as tentativas da irmã em corrigir seu caráter não davam em nada.Susanowo destruía seus campos de arroz e sujava o seu templo, mas a gota d'água foi o aparecimento de uma visão assustadora. Susanowo fez um furo o teto da sala de tecer , onde as amas de Amaterasu preparavam suas vestes e fez descer um cavalo malhado, com as costas esfoladas propositadamente por ele. As amas desmaiaram de susto e Amaterasu apavorada fugiu para sempre.
A partir deste dia todas as planícies de bambu da terra e as planícies do céu ficaram na mais profunda escuridão. Isto facilitou todo tipo de atividades das divindades do mal.
Os deuses celestiais perceberam que era preciso tomar uma atitude imediatamente. Então os 8 milhões de deuses se reuniram numa assembléia, a fim de juntos elaborarem um plano para trazer Amaterasu de volta.
Plantaram uma enorme árvore e decoraram-na com jóias. Junto dela foram colocados galos que cantavam eternamente, como se anunciassem a aurora. Acenderam fogueiras e entoaram cânticos e preces.Nos galos da árvore foi colocado um grande espelho e o jovem deus Uzume iniciou uma dança alegre que logo contagiou a todos. Agora 8 milhoes de deuses dançavam e riam, enchendo o ar de alegria e sons.
Da sua caverna Amaterasu podia ouvir os sons que vinham da festa e, curiosa, quis saber o que acontecia. Abriu a porta e disse:
_ Pensei que, com minha retirada, céu e terra estivessem na escuridão. Por que Uzume dança e os deuses cantam e riem?
Uzume respondeu:
_ Fazemos festa porque há uma divindade ainda mais ilustre que você!
Neste momento dois outros deuses aproximaram o espelho e colocaram-no em frente a Amaterasu, que ficava cada vez mais surpresa ao ver aquela bela divindade. O que ela não sabia é que se tratava dela mesma. Um outro deus a tomou uma corda de palha e passou em torno de Amaterasu, impedindo que ela tornasse a se refugiar na caverna.
_ Esta corda é o seu limite. Precisamos da sua luz, grande Amaterasu.
Dali em diante a luz voltou a reinar nas planícies celestiais e nas planícies da terra.
Porém à noite Amaterasu se recolhe e vem a escuridão. No outro dia ela é trazida para fora e outra vez vem a luz. De noite a escuridão, de dia a luz. E isto é para sempre.
Bussato, Cléo
Contar e encantar: Pequenos segredos da narrativa/Cléo Bussato.- Petrópolis, Rj: Vozes, 2003.

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